A educação no meio rural, no Brasil, ainda tem muito a
desenvolver. A falta de políticas educacionais voltadas para esse fim
caracteriza a desvalorização do homem do campo, estabelecendo uma vida
limitada aos seus filhos.
São grandes as dificuldades encontradas pelas trilhas
por onde passam as crianças e jovens desse meio, que procuram adquirir
conhecimentos, mas também um lugar para conviver com pessoas da mesma
idade, ampliando suas relações sociais.
Pesquisas recentes comprovam que o insucesso nesse
meio de educação atinge os 40%, além de ter 70% dos alunos em séries
incompatíveis com as idades. As escolas do campo normalmente são
compostas de apenas uma sala de aula, tendo que se desenvolver um
trabalho de sala multisseriada, com mistura de idades e de conteúdos.
Sem contar na estrutura dos prédios, muitos deles
ainda de taipa, madeira, alvenaria, sem iluminação e circulação de ar
adequadas, faltando carteiras e outros materiais.
Além disso, chegar à escola é um grande problema, as
distâncias são quilométricas, faça chuva ou faça sol, pondo em risco a
integridade física e emocional dos alunos e funcionários, além do
cansaço por ter que acordar muito cedo para chegar à escola depois de
horas de caminhada.
Os currículos geralmente não são interessantes, não
atraem os estudantes, pois fogem à realidade de suas vidas e não adianta
incutir a cultura da cidade aos mesmos. Pelo contrário, esses devem ser
adaptados à realidade local, valorizando aquilo que faz parte da vida
dos alunos e de suas famílias.
Os calendários também devem ser adaptados, pois o
período de férias coincide com a colheita das safras, o que causa o
afastamento de muitos alunos, que precisam ajudar seus pais.
Nas faculdades, não temos formação específica em
salas multisseriadas, gerando outro ponto controverso nas escolas do
campo. Os profissionais que atuam dessa forma buscam alternativas por
serem apaixonados pelo processo de ensinar e aprender, mas não contam
com apoio das secretarias municipais, muitas vezes adquirindo materiais
com recursos próprios.
Por mais que o governo lance campanhas de
qualificação profissional, construção de novas escolas rurais, como as
escolas-núcleo, que possuem uma estrutura melhor, essas se localizam em
distintas regiões rurais, ocasionando o problema do transporte, além dos
ônibus velhos, sem reparos, sem cintos de segurança, e da falta de
verba para o seu abastecimento; pois muitas vezes tais problemas não são
solucionados pelo governo municipal.
Vemos que os investimentos são baixos, carecendo de
maior dedicação, olhares mais voltados para as verdadeiras necessidades
dessa população.
E por tantos problemas, não há como fugir da evasão escolar nos meios rurais. Triste realidade do Brasil!
Por Jussara de Barros
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