quarta-feira, 29 de maio de 2013

O processo educativo



"A educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana, com todos os
seus poderes funcionando com harmonia e completa, em relação à natureza e à sociedade. Além do mais, era o mesmo processo pelo qual a humanidade, como um todo, se elevando do plano animal e continuaria a se desenvolver até sua condição atual. Implica tanto a evolução individual quanto a universal".

                                                                                                                ( Friedrich Froebel )

terça-feira, 28 de maio de 2013

A vida num instante.



De um momento para o outro a nossa vida muda. Estamos em mudança constante. De um segundo para o outro perdemos pessoas importantes na nossa vida, e por vezes basta um instante para encontrar alguém por quem temos andado a procura a vida toda, e ainda mais um segundo para voltar a perder, para depois conquistar novamente. As mudanças do ciclo de vida são das mais variadas que se pode imaginar. Umas são para melhor. Outras são para pior. Mas todas eles fazem parte da vida. Umas por vezes não custam nada, mudar de estilo, mudar de pensamentos, mudar de emprego. Outras estão rodeadas de sofrimento. Mudar de pais, mudar de amigos, mudar de amores.
Que acontece quando somos confrontados com estas mudanças e nada podemos fazer para o impedir? Sofremos naturalmente. Mas esse sofrimento fornece a energia necessário para viver. De certo modo sofrer faz com que exista uma vontade de procurar uma situação melhor. E isso implica mais uma mudança. Isto é, na realidade um ciclo vicioso, onde a única forma de o travar é a monotonia. E quem gosta disso? Ninguém. Por isso temos mais é que aceitar estas mudanças. Porque, quer se aceite, quer não, a vida é um instante muito breve onde de um momento para o outro acontece mais uma mudança que não podemos controlar. A morte. A mudança suprema, aquela em que passamos de um mundo para o outro, e não levamos nada conosco, apenas deixamos. Deixamos as recordações com que os vivos ficam de nós, e até essas recordações tem data de validade associada mais uma vez a morte. 
Por isso, não devemos tentar fugir as mudanças que cruzam o nosso caminho, mas sim enfrentar cada uma delas com coragem e com a ideia que essa mudança pode ser para melhor.

"A vida são dois dias, o de ontem já passou e o de hoje está a acabar. Amanhã está no incerto. Aproveitem cada nova oportunidade."
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mudança social


A mudança social dá-se quando se alteram as estruturas básicas que compõem um grupo social ou uma sociedade. A. Giddens refere as duas tentativas gerais mais conhecidas de interpretar a mudança social: o evolucionismo social e o materialismo histórico. Ambas veem a mudança social derivando principalmente da forma como os seres humanos se relacionam com o meio ambiente material.
O materialismo histórico surge com Marx e Engels e, segundo esta teoria, as sociedades evoluíam, fundamentalmente, devido às mudanças verificadas ao nível da infraestrutura económica ou interação com a superstrutura. Para Marx, "todas as sociedades assentam numa base económica (a infraestrutura) e as mudanças nesta tendem a comandar as alterações na superstrutura (instituições políticas, legais e culturais)" (Giddens, Sociologia, 1997). A luta de classes assumia aqui o papel de motor da História. A mudança dava-se através de processos de transformação social profundos, que são as revoluções. A teoria do evolucionismo, apresentada por H. Spencer (inspirada na teoria da evolução das espécies), considerava que, através da lei de evolução universal, as sociedades passavam por fases ou etapas até atingirem o nível de civilização alcançado pela sociedade ocidental.
Desde logo, deve fazer-se uma distinção entre evolução social e mudança social. "A evolução social é o conjunto das transformações sofridas por uma sociedade durante um período longo" (Rocher, Sociologia geral - A organização social, 1989). Diz respeito a tendências seculares ou gerais na marcha da História. "A mudança social consiste em transformações observáveis e verificáveis em períodos de tempo mais curtos. [...] Além disso, a mudança social está mais localizada geográfica e sociologicamente: duma maneira geral é possível observá-la numa área geográfica ou num quadro sociocultural mais limitado que a evolução social." (Rocher).
Podemos enunciar quatro características sobre a mudança social, segundo Guy Rocher:
- trata-se de um fenómeno coletivo, de modo a implicar uma coletividade ou um setor apreciável desta; deve afetar as condições ou as formas de vida;
- deve ser uma mudança da estrutura, de modo a ser possível observar uma modificação
da totalidade ou de certos componentes da organização social;
- supõe a possibilidade da sua identificação no tempo. Pode dizer-se que é a partir desse ponto de referência que houve mudança e o que é que mudou;
- toda a mudança social tem de dar provas duma certa permanência; as transformações observadas não devem ser efémeras ou superficiais.
Definiremos, então, a "mudança social como sendo toda a transformação observável no tempo, que afeta, duma maneira que não seja provisória ou efémera, a estrutura ou funcionamento da organização social de uma dada coletividade e modifica o curso da sua história" (Rocher).
Existe também uma inter-relação entre o plano social e o plano cultural, de modo que, quando falamos em mudança social, estamos, simultaneamente, a falar em mudança cultural. Deste modo poderíamos diferenciar as duas: a mudança social será a transformação inerente às relações entre as pessoas e a mudança cultural envolve meios materiais, técnicos, ideias, usos, costumes, etc. "Quase todas as mudanças importantes envolvem aspetos sociais e culturais. Na prática, portanto, raramente a distinção é muito importante; muitas vezes os dois termos são usados alternativamente. Às vezes usamos o termo mudança sociocultural para abranger as mudanças de ambas as espécies" (Horton e Hunt).
As situações de mudança social são tão diversificadas quanto os seus fatores e condições o são. Daí que cada caso concreto deva ser analisado na sua especificidade. No entanto, podemos incluir nos fatores de mudança social, de uma forma genérica, fatores naturais, demográficos, económicos, tecnológicos e socioculturais (nestes últimos temos, como exemplo, a descoberta, a invenção e a difusão).
Guy Rocher define as condições de mudança como sendo "elementos da situação que favorecem ou desfavorecem, encorajam ou atrasam a influência de um ou vários fatores de mudança [...] permitindo que os fatores exerçam a sua influência ou, pelo contrário, abafem a ação dos fatores" (Rocher). Por exemplo, determinada perceção que os trabalhadores têm de uma empresa, ou do seu chefe, podem constituir condição favorável ou não, face à implantação de novas tecnologias.
Por outro lado, são as pessoas, os grupos, as associações que introduzem a mudança, a apoiam, a favorecem ou se lhe opõem, constituindo-se, deste modo, os agentes da mudança. Podemos apontar os seguintes: os líderes e as elites, os movimentos sociais, os grupos de pressão e os grupos de referência, os meios de comunicação social. "São os atores e os grupos, cuja ação é animada por fins, interesses, valores, ideologias, que têm impacto sobre o devir duma sociedade" (Rocher).Como referenciar este artigo:
mudança social. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-05-29].

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Bem Moral



Não quero deixar passar o ensejo de indicar a diferença entre o bem em geral e o bem moral. Ambas as noções têm algo de comum e mesmo indissociável: nada pode ser considerado um bem se não tiver uma parcela de bem moral, e o bem moral é indiscutivelmente um bem. Qual é então a distinção entre as duas categorias? O bem moral é o bem absoluto, no qual se realiza totalmente a felicidade, e graças ao contacto dele todas as outras coisas se podem tornar formas de bem. Exemplificando: há coisas que em si nem são boas nem são más, tais como o serviço militar, a carreira diplomática, a jurisprudência. Se estas tarefas forem realizadas conformemente ao bem moral, começam a tornar-se bens e passam, de indiferentes, para a categoria do bem. O bem, em geral, depende de estar ou não associado ao bem moral; o bem moral é em si mesmo o bem; o bem em geral está dependente do bem moral, enquanto o bem moral depende apenas de si. Tudo quanto é simplesmente um bem poderia ter sido um mal; o bem moral, pelo contrário, nunca poderia deixar de ter sido um bem. 


Séneca, in 'Cartas a Lucílio'

A Vaidade dá Ímpeto à Maioria das Ações



Os homens não estão cientes do calor que emana do seu coração, embora ele dê vida e movimento a todas as outras partes do seu corpo. (...) O mesmo se dá com a vaidade: ela é tão natural para o homem que ele não a percebe. E, embora seja isso que dê, por assim dizer, vida e movimento à maioria dos seus pensamentos e desígnios, isso ocorre de um modo que é imperceptível para o sujeito. (...) Os homens não percebem suficientemente que é a vaidade que dá ímpeto à maioria de suas ações. 

Nicolas Malebranche, in 'Procura da Verdade'

Porquê Camuflar as Nossas Convicções?



Desde que nos propomos emitir uma verdade de acordo com as nossas convicções damos logo a impressão de fazer retórica. Que espécie de prestidigitação vem a ser essa? Como é que nos nossos dias não poucas verdades, proferidas que sejam, por vezes, mesmo em tom patético, imediatamente ganham aspectos retóricos? Porquê é que na nossa época cada vez há mais necessidade, quando pretendemos dizer a verdade, de recorrer ao humor, à ironia, à sátira? Porquê adoçar a verdade como se se tratasse de uma pílula amarga? Porquê envolver as nossas convicções num misto de altiva indiferença, digamos, de desprezo para com o público? Numa palavra, porquê certo ar de pícara condescendência? Em nossa opinião, o homem de bem não tem de envergonhar-se das suas convicções, ainda mesmo que estas transpareçam sob a forma retórica, sobretudo se está certo delas. 

Fiodor Dostoievski, in "Diário de um Escritor" 

Os Pensamentos Intraduzíveis



 É sabido que comboios completos de pensamento atravessam instantaneamente as nossas cabeças, na forma de certos sentimentos, sem tradução para a linguagem humana, menos ainda para uma linguagem literária... porque muitos dos nossos sentimentos, quando traduzidos numa linguagem simples, parecem completamente sem sentido. Essa é a razão pela qual eles nunca chegam a entrar no mundo, no entanto toda a gente os tem. 

Fiodor Dostoievski, in 'Uma Anedota Sórdida'

domingo, 19 de maio de 2013

Cada Dia é Sempre Diferente dos Outros



Cada dia é sempre diferente dos outros, mesmo quando se faz aquilo que já se fez. Porque nós somos sempre diferentes todos os dias, estamos sempre a crescer e a saber cada vez mais, mesmo quando percebemos que aquilo em que acreditávamos não era certo e nos parece que voltamos atrás. Nunca voltamos atrás. Não se pode voltar atrás, não se pode deixar de crescer sempre, não se pode não aprender. Somos obrigados a isso todos os dias. Mesmo que, às vezes, esqueçamos muito daquilo que aprendemos antes. Mas, ainda assim, quando percebemos que esquecemos, lembramo-nos e, por isso, nunca é exatamente igual. 
— Porquê, pai? 
— Porque a memória não deixa que seja igual, mesmo que seja uma memória muito vaga, mesmo que seja só assim uma espécie de sensação muito vaga. É que a memória não é sempre aquilo que gostaríamos que fosse. Grande parte dos nossos problemas estão na memória volúvel que possuímos. Aquilo que é hoje uma verdade absoluta, amanhã pode não ter nenhum valor. Porque nos esquecemos, filho. Esquecemos muito daquilo que aprendemos. E cansamo-nos. E quando estamos cansados, deixamos de aprender. Queremos não aprender por vontade. Essa é a nossa maneira de resistir, mais ou menos, àquilo que nos custa entender. E aquilo que nos custa entender pode ter muitas formas, pode chegar de muitos lugares. 
— Porquê, pai? 
— Porque nos parece que é assim. Mas talvez não seja assim. Aquilo que nos custa entender é sempre uma surpresa que nos contradiz. Então, procuramos convencer-nos das mais diversas maneiras, encontramos as respostas mais elaboradas e incríveis para as perguntas mais simples. E acreditamos mesmo nelas, queremos mesmo acreditar nelas e somos capazes. Somos mesmo capazes. Não imaginas aquilo em que somos capazes de acreditar. 
— Porquê, pai? 
— Porque temos de sobreviver. Porque, à noite, a esta hora, temos de encontrar força para conseguirmos dormir, descansar, e temos de acreditar que no dia seguinte poderemos acordar na vida que quisemos, que desejamos  Temos de acreditar que poderemos acordar na vida que conseguimos construir e que essa vida tem valor, vale a pena. Muito mais difícil do que esse esforço é considerarmos que fomos incapazes, que não conseguimos melhor, que a culpa foi nossa, toda e exclusiva. 

José Luís Peixoto, in 'Abraço'

As Nossas Possibilidades de Felicidade



É simplesmente o princípio do prazer que traça o programa do objectivo da vida. Este princípio domina a operação do aparelho mental desde o princípio; não pode haver dúvida quanto à sua eficiência, e no entanto o seu programa está em conflito com o mundo inteiro, tanto com o macrocosmo como com o microcosmo. Não pode simplesmente ser executado porque toda a constituição das coisas está contra ele; poderíamos dizer que a intenção de que o homem fosse feliz não estava incluída no esquema da Criação. Aquilo a que se chama felicidade no seu sentido mais restrito vem da satisfação — frequentemente instantânea — de necessidades reprimidas que atingiram uma grande intensidade, e que pela sua natureza só podem ser uma experiência transitória. Quando uma condição desejada pelo princípio do prazer é protelada, tem como resultado uma sensação de consolo moderado; somos constituídos de tal forma que conseguirmos ter prazer intenso em contrastes, e muito menos nos próprios estados intensos. As nossas possibilidades de felicidade são assim limitadas desde o princípio pela nossa formação. É muito mais fácil ser infeliz.

O sofrimento tem três procedências: o nosso corpo, que está destinado à decadência e dissolução e nem sequer pode passar sem a ansiedade e a dor como sinais de perigo; o mundo externo, que se pode enfurecer contra nós com as mais poderosas e implacáveis forças de destruição; e, por fim, a relação com os outros homens. A infelicidade que esta última origina é talvez a mais dolorosa de todas; temos tendência para a considerar mais ou menos um suplemento gratuito, embora não possa ser uma fatalidade menos inevitável do que o sofrimento que provém das outras fontes. 
Não é de admirar que, debaixo da pressão destas possibilidades de sofrimento, a humanidade esteja habituada a reduzir as suas exigências de felicidade, nem que o próprio princípio do prazer se modifique para um princípio da realidade mais acomodado sob a influência do ambiente externo. Se um homem se julga feliz, fugiu simplesmente à infelicidade ou a dificuldades. Em geral, a tarefa de evitar o sofrimento atira para segundo plano a de obter a felicidade. A reflexão mostra que há várias formas de tentar cumprir esta tarefa; e todas estas formas foram recomendadas por várias escolas de sabedoria na arte da vida e posta em prática pelos homens. A satisfação desenfreada de todos os desejos impõe-se em primeiro plano como o mais atrativo princípio orientador da vida, mas implica preferir o gozo à prudência e penaliza-se depois de uma curta satisfação. Os outros métodos, nos quais o evitar do sofrimento é o principal motivo, distinguem-se segundo a fonte de sofrimento contra a qual estão dirigidos. Algumas destas medidas são extremas e outras moderadas, algumas são unilaterais e outras tratam vários aspectos do assunto ao mesmo tempo. A solidão voluntária, o isolamento dos outros, é a salvaguarda mais rápida contra a infelicidade que possa surgir das relações humanas. Sabemos o que isto significa: a felicidade encontrada neste caminho é a da paz. Podemos defender-nos contra o temido mundo externo, voltando-nos simplesmente para uma outra direção, se a dificuldade tiver que ser resolvida sem ajuda. Há na realidade um outro caminho melhor: o de cooperar com o resto da comunidade humana e aceitar o ataque à natureza, forçando-a a obedecer à vontade humana. Trabalha-se então com todos para o bem de todos. 

Sigmund Freud, in 'A Civilização e os Seus Descontentamentos'

A Verdadeira Filosofia de Vida


Trabalhar com nobreza, esperar com sinceridade, sentir as pessoas com ternura, esta é a verdadeira filosofia.
1 - Não tenhas opiniões firmes, nem creias demasiadamente no valor das tuas opiniões.
2 - Sê tolerante, porque não tens certeza de nada.
3 - Não julgues ninguém, porque não vês os motivos, mas sim os atos.
4 - Espera o melhor e prepara-te para o pior.
5 - Não mates nem estragues, porque não sabes o que é a vida, excepto que é um mistério.
6 - Não queiras reformar nada, porque não sabes a que leis as coisas obedecem.
7 - Faz por agir como os outros e pensar diferentemente deles.

Fernando Pessoa, 'Anotações de Fernando Pessoa (sem data)'

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Sem medo de ser feliz



Por incrível que possa parecer, muita gente tem medo da felicidade. Para estas pessoas, correr o risco de estar de bem com a vida significa mudar uma série de hábitos – e perder sua própria identidade.
Por isso, muitas vezes nos julgamos indignos das coisas boas que acontecem conosco. Não aceitamos as bênçãos – porque aceitá-las nos dá a sensação de que estamos devendo alguma coisa a Deus. Além disso, temos medo de nos acostumar com a felicidade.
Pensamos: “é melhor não provar o cálice da alegria, porque, quando este nos faltar, iremos sofrer muito”.
Por medo de diminuir, deixamos de crescer. Por medo de chorar, deixamos de rir.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ciência, engenharia e tecnologia




A distinção entre ciência, engenharia e tecnologia não é sempre clara. Ciência é a investigação ou estudo racional de fenômenos, com o objetivo de descobrir seus princípios entre os elementos do mundo fenomenal ao aplicar técnicas formais como o método científico. As tecnologias não são normalmente produtos exclusivos da ciência, porque elas devem satisfazer os requisitos de utilidade, usabilidade e segurança.Engenharia é o processo goal-oriented de desenhar e criar ferramentas e sistemas para aproveitar fenômenos naturais para usos práticos humanos, normalmente (mas nem sempre) usando resultados e técnicas da ciência. O desenvolvimento da tecnologia pode se aproveitar de muitos campos do conhecimento, incluindo o conhecimento científico, engenharia, matemático, linguístico, e histórico, para alcançar resultados práticos.

A tecnologia é normalmente a consequência da ciência e da engenharia - apesar da tecnologia como uma atividade humana preceder os dois campos. Por exemplo, a ciência pode estudar o fluxo de elétrons em condutores elétricos, ao usar ferramentas e conhecimentos já existentes. Esse conhecimento recém-adquirido pode então ser usado por engenheiros para criar novas ferramentas e máquinas, como semicondutores, computadores, e outras formas de tecnologia avançada. Nesse sentido, tanto cientistas como engenheiros podem ser considerados tecnologistas; os três campos são normalmente considerados como um para o propósito de pesquisa e referência. Esta relação próxima entre ciência e tecnologia contribui decisivamente para a crescente especialização dos ramos científicos. Por exemplo, a física se dividiu em diversos outros ramos menores como a acústica e a mecânica, e estes ramos por sua vez sofreram sucessivas divisões. O resultado é o surgimento de ramos científicos bem específicos e especialmente destinados ao aperfeiçoamento da tecnologia, de acordo com este quesito podemos citar a aerodinâmica, a geotecnia, a hidrodinâmica, a petrologia e a terra mecânica.
Especificamente, a relação entre ciência e tecnologia tem sido debatida por cientistas, historiadores, e políticos no final do século XX, em parte porque o debate pode definir o financiamento da ciência básica e aplicada. No início da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, nos Estados Unidos era amplamente considerado que a tecnologia era simplesmente "ciência aplicada" e que financiar ciência básica era colher resultados tecnológicos no seu devido tempo. Uma articulação dessa filosofia pode ser encontrada explicitamente no tratado de Vannevar Bush na política científica do pós-guerra, Ciência - A Fronteira Sem Fim: "Novos produtos, novos produtos, e cada vez mais o trabalho requer um contínuo aumento do conhecimento das leis da natureza ... Esse novo conhecimento essencial pode ser obtido apenas através de pesquisa científica básica." No final da década de 1960, entretanto, essa visão sofreu um ataque direto, tendendo a iniciativas que financiam ciência para atividades específicas (iniciativas resistidas pela comunidade científica). A questão permanece - apesar da maioria dos analistas resistirem ao modelo de que a tecnologia é simplesmente o resultado da pesquisa científica.

Por Marcio Filósofo

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Perdão e a Promessa



Se não fôssemos perdoados, eximidos das consequências daquilo que fizemos, a nossa capacidade de agir ficaria por assim dizer limitada a um único ato do qual jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas consequências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da fórmula mágica para desfazer o feitiço. Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas trevas do coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos - trevas que só a luz derramada na esfera pública pela presença de outros que confirmam a identidade entre o que promete e o que cumpre poderia dissipar. Ambas as faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a pessoa encena para si mesma. 

Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'

terça-feira, 14 de maio de 2013

As Qualidades dos Outros



Devido ao homem ter tendência para ser parcial para com aqueles a quem ama, injusto para com aqueles a quem odeia, servil para com os seus superiores, arrogante para com os seus inferiores, cruel ou indulgente para com os que estão na miséria ou na desgraça, é que se torna tão difícil encontrar alguém capaz de exercer um julgamento perfeito sobre as qualidades dos outros. 

Confúcio, in 'A Sabedoria de Confúcio'

A ALMA



A alma é uma coleção de belos quadros adormecidos  os seus rostos envolvidos pela sombra. Sua beleza é triste e nostálgica porque, sendo moradores da alma, sonhos, eles não existem do lado de fora. Vez por outra, entretanto, defrontamo-nos com um rosto (ou será apenas uma voz, ou uma maneira de olhar, ou um jeito da mão...) que, sem razões, faz a bela cena acordar. E somos possuídos pela certeza de que este rosto que os olhos contemplam é o mesmo que, no quadro, está escondido pela sombra. O corpo estremece. Está apaixonado.
Acontece, entretanto, que não existe coisa alguma que seja do tamanho do nosso amor. A nossa fome de beleza é grande demais.(...)Cedo ou tarde descobrirá que o rosto não é aquele. E a bela cena retornará à sua condição de sonho impossível da alma. E só restará a ela alimentar-se da nostalgia que rosto algum poderá satisfazer...

Rubem Alves

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Dia das Mães



No segundo domingo de maio comemora-se o dia das mães.
A data surgiu em virtude do sofrimento de uma americana que, após perder a mãe, passou por um processo depressivo. As amigas mais próximas de Anna M. Jarvis, para livrá-la de tal sofrimento, fizeram uma homenagem para sua mãe, que havia trabalhado na guerra civil do país. A festa fez tanto sucesso que em 1914, o presidente Thomas Woodrow Wilson oficializou a data, e a comemoração se difundiu pelo mundo afora.
As mães são homenageadas desde os tempos mais antigos. Os povos gregos faziam uma comemoração à mãe dos deuses, Reia. Na Idade Média os trabalhadores que moravam longe de suas famílias ganhavam um dia para visitar suas mães, que os ingleses chamavam de “mothering day”.
Mãe é a mulher que gera e dá à luz um filho, mas também pode ser aquela que cria um ente querido como se fosse sua geradora, dando-lhe carinho e proteção.
As mães merecem respeito e muito amor de seus filhos, pois fazem tudo para agradá-los, sofrem com seus sofrimentos e querem que estes estejam sempre bem.
Com o passar dos anos, o dia das mães aqueceu o comércio de todo o mundo, pois os filhos sempre compram presentes para agradá-las e para agradecer toda forma de carinho e dedicação que recebem ao longo da vida.
Nas diferentes localidades do mundo, a comemoração é feita em dias diferentes. Na Noruega é comemorada no segundo domingo de fevereiro; na África do Sul e Portugal, no primeiro domingo de maio; na Suécia, no quarto domingo de maio; no México é uma data fixa, dia 10 de maio. Na Tailândia, no dia 12 de agosto, em comemoração ao aniversário da rainha Mom Rajawongse Sirikit. Em Israel não existe um dia próprio para as mães, mas sim um dia para a família.
No Brasil, assim como nos Estados Unidos, Japão, Turquia e Itália, a data é comemorada no segundo domingo de maio. Aqui, a data foi instituída pela associação cristã de moços, em maio de 1918, sendo oficializada pelo presidente Getúlio Vargas, no ano de 1932.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia

terça-feira, 7 de maio de 2013

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.


Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

                               Rubem Alves

Educar - Rubem Alves


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Acredita em Ti Mesmo

        
O homem converte-se aos poucos naquilo que acredita poder vir a ser. Se me repetir incessantemente a mim mesmo que sou incapaz de fazer determinada coisa, é possível que isso acabe finalmente por se tornar verdade. Pelo contrário, se acreditar que a posso fazer, acabarei garantidamente por adquirir a capacidade para a fazer, ainda que não a tenha num primeiro momento.

Mohandas Gandhi, in 'The Words of Gandhi'

Heráclito: o filósofo do fogo


Heráclito de Éfeso (540 a.C. - 470 a.C), como o próprio nome indica, nasceu na cidade de Éfeso, mereceu lugar de destaque sendo considerado um dos filósofos mais fascinantes, apesar de suas idéias meio confusas, por isso recebeu o apelido de “O Obscuro”. Esse cientista transmitia seus ensinamentos em forma de jogos de palavras e charadas que levavam as pessoas a pensar, refletir.

Em razão da forma de expor suas idéias, Heráclito vem provocando debates acirrados há mais de vinte séculos. Os gregos e romanos já discutiam sobre ele, e mais tarde foi tema de debates entre cristãos e muçulmanos. Já na filosofia moderna e contemporânea sempre ressurge assuntos ligados a esse cientista.

O filósofo possuía um caráter altivo e melancólico, recusou-se a intervir na política, manifestou desprezo pelos antigos poetas, era contra os filósofos de sua época e até contra a religião.

Heráclito nomeou o princípio organizador que governa o mundo de “logos”, são dele as seguintes frases:

- "Da luta dos contrários é que nasce a harmonia.”

- “Tudo o que é fixo é ilusão.”

- “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio.”

- “Não escutem a mim e sim ao logos.”

- “Das coisas surge a unidade. E, da unidade, todas as coisas.”


Ele queria transmitir a idéia de que tudo que existe é uma manifestação da unidade da qual o homem faz parte. As transformações, segundo o filósofo, são conseqüências da tensão entre os opostos, da ação e reação. Segundo ele, o sol é novo a cada dia e o universo muda e se transforma infinitamente a cada instante. Para exemplificar, compare essa idéia com os símbolos taoístas de ying e yang:

Os opostos se completam.
Como se vê, os opostos fazem parte de um único todo, esse símbolo representa a teoria descrita onde tudo está em um fluxo constante mantendo uma unidade absoluta através do “logos”. Esta teria sido a grande descoberta do cientista: existe uma harmonia oculta das forças opostas, como a do arco e fecha.

Heráclito recebeu o nome de filósofo do fogo, por que defendia a idéia de que o agente transformador é o fogo: ele purifica e faz parte do espírito dos homens. Esses conceitos inspiraram os primeiros cientistas que exploraram na prática a união do material e o imaterial através do fogo: os famosos Alquimistas.
Por Líria Alves
Graduada em Química
Equipe Brasil Escola

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A força do cigarro no organismo




Por longos e longos anos as pessoas foram ensinadas que o cigarro somente provocaria reações no organismo após um grande período de uso, porém estudos recentes desmentem tais ensinamentos e assustadoramente mostram a real força do cigarro no organismo. Este, composto por tabaco seco enrolado por um fino papel que se queima após ser aceso, provoca rápidas reações no corpo do homem. 

Segundo estudiosos, cerca de 10% dos fumantes que colocam o primeiro cigarro na boca já apresentam reações significativas no organismo que provocam a dependência por um período de até dois dias depois, idéia que se aplicava somente aos fumantes de longa data. O curioso é que um cigarro consegue suprir, em fumantes iniciantes, a necessidade do organismo em relação à droga por até uma semana, o que não acontece com fumantes de longa data. 

Intrigantemente, a nicotina presente em um só cigarro consegue aumentar a produção de hormônios receptores no lobo frontal do cérebro, no hipocampo e no cerebelo que envolve a memória a longo prazo. Dessa forma, dois dias após ter fumado um único cigarro um indivíduo passa a ter necessidades da droga no organismo. A manifestação da dependência à droga ocorre por causa das adaptações que o organismo faz para recebê-la na busca por manter seu equilíbrio químico e funcional. 

Com o decorrer do tempo, as pessoas tendem a necessitar de um novo cigarro em um curto período, ou seja, em um prazo de duas horas o organismo já deixa o indivíduo inquieto, irritado e ansioso fazendo com que busque a calmaria no cigarro. 

Deixar de fumar não é fácil. Segundo pesquisas, somente 3% dos fumantes conseguem abandonar o vício e o restante pode até conseguir parar durante um período, mas após esse volta a fumar. Acredita-se que a melhor forma para abandonar o vício é deixá-lo de uma só vez e não gradualmente como muitos fazem.


Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Por que pedimos desculpas?



Ao contrário do que se acreditava, o estado de vulnerabilidade experimentado por quem admite um erro pode gerar uma queda na autoestima e diminuir a sensação de felicidade que deveria acompanhar o pedido de desculpas.


De acordo com o estudo publicado na revista "European Journal of Social Psychology" a ideia de que assumir a culpa por um erro faz a pessoa mais feliz é um completo embuste. No geral, essas pessoas sentem-se mais vulneráveis e prefeririam não ter que assumir responsabilidade sobre o ocorrido.

A maioria dos pais não está gostando nada dessa história. Quem tem filhos sabe que um dos argumentos-chave para extrair a verdade de uma criança é assegurar que ela irá sentir-se muito melhor após a ‘confissão’.

Tyler G. Okimoto, um dos responsáveis por esse estudo, acredita que a educação das crianças deve partir de outro princípio, e não da ideia egoísta de que pedir desculpas é melhor para você.

Mesmo que não pedir desculpas faça com que as pessoas se sintam melhores é importante ensinar que o ato de desulpar-se melhora as relações interpessoais e estabelece laços mais resistentes de afetividade entre os envolvidos.
Publicado em 23/04/2013 | Autor: Luana Vignon



quarta-feira, 1 de maio de 2013

História do Dia do Trabalho


O Dia do Trabalho é comemorado em 1º de maio. No Brasil e em vários países do mundo é um feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios. 
A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1º de maio deste ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores.

Dois dias após os acontecimentos, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocou a morte de alguns manifestantes. Este fato gerou revolta nos trabalhadores, provocando outros enfrentamentos com policiais. No dia 4 de maio, num conflito de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles. Foi o estopim para que os policiais começassem a atirar no grupo de manifestantes. O resultado foi a morte de doze protestantes e dezenas de pessoas feridas.

Foram dias marcantes na história da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida na capital francesa em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, que seria comemorado em 1º de maio de cada ano.

Aqui no Brasil existem relatos de que a data é comemorada desde o ano de 1895. Porém, foi somente em setembro de 1925 que esta data tornou-se oficial, após a criação de um decreto do então presidente Artur Bernardes.

Fatos importantes relacionados ao 1º de maio no Brasil:

- Em 1º de maio de 1940, o presidente Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo. Este deveria suprir as necessidades básicas de uma família (moradia, alimentação, saúde, vestuário, educação e lazer)

- Em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do Trabalho, destinada a resolver questões judiciais relacionadas, especificamente, as relações de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.