segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Como estudar Filosofia e Sociologia para o Enem

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Ao contrário dos vestibulares tradicionais, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) traz uma prova mais interdisciplinar e que aborda temas que não são cobrados com frequência nos demais processos seletivos. Além de noções de Artes e Educação Física, o estudante que fará o Enem deve se preparar também para resolver questões de Filosofia e Sociologia.
As disciplinas começaram a ser cobradas pelo exame porque o pensamento filosófico e a interpretação da sociedade fazem parte da vida humana e dialogam diretamente com o nosso cotidiano. “Sem os conhecimentos elementares destas áreas é muito mais complicado entender as dinâmicas da história humana, das relações dos seres humanos com o espaço e com a sociedade”.
Diluídas no caderno de Ciências Humanas e suas Tecnologias, Sociologia e Filosofia ocupam cerca de um terço das questões dessa prova e muitas vezes aparecem dialogando com eventos históricos, atualidades ou até mesmo com Geografia e geopolítica. Para te ajudar a estudar essas matérias, o GUIA conversou com professores de cursinho que prepararam algumas dicas.
Se a sua base de Sociologia e Filosofia na escola não foi muito forte ou se você ainda tem dúvidas com relação aos principais temas cobrados, o primeiro passo é refazer as provas do Enem – especialmente as de 2009 para cá, que foi quando as duas matérias começaram a aparecer nas questões. O professor de Ciências Humanas do cursinho Oficina do Estudante, Célio Tasinafo, ressalta que a técnica de ver os conteúdos que já foram abordados e identificar em quais há dúvidas é a mais indicada para este momento, a um mês do Exame.
“Nós não temos muito tempo até o Enem, então não adianta muito começar a pesquisar na internet sobre os filósofos pré-socráticos e toda a linha histórica que se segue. Acredito que o aluno perderá tempo, a essa altura, se tentar estudar autor por autor ou decorar conceitos. É melhor que ele refaça as provas e tire as dúvidas que teve com o professor na escola”, explica.


Filosofia

Ainda que o Enem mantenha de certa forma um caráter interdisciplinar, o exame tem se tornado cada vez mais conteudista, como explica o professor Edmilson Bello, do cursinho Maximize. Essas alterações trazem muitos reflexos no modo como a Filosofia é abordada dentro do vestibular.
“Anteriormente, mesmo que o candidato não possuísse um conhecimento específico, pela leitura e intelecção do texto do enunciado poderia encontrar a alternativa correta. Nas provas mais recentes, essa situação torna-se cada vez mais rara, embora não tenha sido totalmente abandonada. Dessa forma, é importante não só desenvolver a capacidade de intelecção de textos, mas também conhecer com um nível razoável os conteúdos mais cobrados”, diz Bello. O vocabulário utilizado nas questões de Filosofia é bastante específico, por exemplo, e por isso é preciso estar atento aos termos da área.
Os professores lembram que é comum que haja perguntas sobre formas de governo e estruturas de organização social e destacam que os autores clássicos, como Platão e Aristóteles, são os que mais aparecem nas questões, assim como os teóricos do absolutismo Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel, e do iluminismo, como Jean-Jacques Rousseau, Voltaire e Denis Diderot.
Já entre autores contemporâneos, Alexandre Linares afirma que o Enem costuma trazer questões envolvendo Sartre, Heidegger, Michel Foucault e os filósofos da Escola de Frankfurt, como Adorno, Horkheimer, Marcuse, Habermas e Walter Benjamin, que tratam da indústria cultural e da reprodutibilidade técnica.
Sociologia
A Sociologia é um conteúdo que pode estar distribuído em várias frentes do Enem, inclusive na redação. O tema de 2015, que abordou a violência contra a mulher, é uma questão diretamente relacionada à formação social, ressalta Linares. De acordo com o professor do cursinho Maximize Caio Costa, a disciplina aparece na prova não apenas em conteúdos específicos e técnicos, mas também em questões formativas, que motivam o estudante a fazer uma análise crítica da sociedade.
Alguns conceitos básicos, como ação social e fato social são recorrentes, assim como os sociólogos clássicos: Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. Mas Costa destaca que a prova também costuma trazer a relação com a sociedade contemporânea “através da visão de movimentos sociais pelos cidadãos, e também da própria política e de como ela aparece na vida dos indivíduos por meio das instituições, das organizações e da cidadania”.
Para a revisão do conteúdo, o professor reconhece que os manuais de Sociologia são importantes, mas lembra que é essencial que o estudante se atente para os debates da atualidade. “O aluno precisa estar ligado no papel da mulher, no debate de gênero, que cada vez está mais presente, e também na forma como a desigualdade social afeta o cotidiano”. Uma dica é ler as notícias diárias em jornais e na internet, além de revistas mensais mais aprofundadas para perceber quais os principais problemas por trás das notícias. “A corrupção é um problema social, certo? Então, ela é tema da Sociologia”, completa Costa.
Por isso, dedique sua atenção a temas que são constantemente debatidos nos dias de hoje, como direitos humanos e de minorias, diferenças culturais, trabalho infantil e feminino, guerras, migrações e crise de refugiados.
Por Malú Damázio: Texto adaptado

Enem 2017: 15 acontecimentos essenciais para estudar atualidades

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Na reta final de estudos para a prova do Enem, que acontecerá nos dia 5 e 12 de novembro, fazer uma revisão dos principais acontecimentos geopolíticos e dos fenômenos climáticos que aconteceram neste ano é um bom caminho para estudar os temas mais importantes da prova de Ciências Humanas, além de possíveis temas que estarão presentes na hora de escrever o texto dissertativo-argumentativo.
“Observamos que há na prova muitas perguntas em que a geografia brasileira e a geografia internacional estão associadas”, afirma o professor Hugo Anselmo, do Curso Anglo. Apesar de tratar de assuntos gerais, nem pense em encarar a prova sem um estudo prévio. “A prova não é detalhista, com pegadinhas, mas ela também não é apenas uma avaliação de interpretação: quem não tiver conteúdo não conseguirá compreender”, diz Cristina Luciana do Carmo, professora de Geografia do Curso Poliedro.
Confira a seguir 15 acontecimentos que marcaram 2017 e quais suas principais consequências para a política, economia e tecnologia do planeta. 
1. Atos de Trump
Em seu primeiro ano à frente da Presidência dos EUA, Donald Trump retirou o país do Acordo de Paris, principal tratado para combater as mudanças climáticas. Em comunicado realizado no dia 1º de junho, o presidente afirmou que tomou essa decisão "para preservar os interesses dos cidadãos norte-americanos. Como os Estados Unidos são o líder em poluição de gás carbônico, a permanência do país Acordo Climático de Paris era essencial. Isso porque o tratado, assinado em 2015 afirma que as nações desenvolvidas têm maior compromisso na diminuição da emissão de carbono, além de ajudar os países mais pobres a cumprirem com as metas do documento.
Emmanuel Macron, presidente francês (Foto: Wikimedia Commons)
2. Emmanuel Macron derrota a candidata Marine Le Pen
A França, um dos berços do Iluminismo, ficou dividida nas eleições que aconteceram em maio: Marine Le Pen, candidata do partido Frente Nacional, chegou ao segundo turno com um discurso anti-imigração e de extrema-direita. Após a saída do Reino Unido da União Europeia, em 2016, cresceram movimentos pela Europa que defendiam o fim das políticas de globalização e uma agenda hostil a cidadãos de países subdesenvolvidos que desejassem viver nas nações europeias. O pleito também marcou a derrota dos partidos tradicionais: Emmanuel Macron, do partido Em Marcha!, tornou-se o novo presidente francês com um discurso voltado de centro.

+ Pesquisa sobre impactos negativos da imigração estava errada
Xi Jinping, presidente da China (Foto: Wikimedia Commons)
3. A nova "Rota da Seda" da China
A política de Donald Trump de "colocar a América em primeiro lugar" soou como música aos ouvidos chineses: donos do segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, o país divulgou em maio o fortalecimento um dos maiores planos de integração econômica e de geração de desenvolvimento já vistos. Xi Jinping, presidente chinês, lidera um acordo que envolve 68 países e forma um cinturão econômica para facilitar negociações comerciais. Ao menos US$ 1 trilhão já foi investido em obras de infraestrutura e em incentivos fiscais. Em outubro, o Partido Comunista Chinês reafirmou a liderança de Xi Jinping, que promete fazer da China uma líder em tecnologia e ciência até 2050. 
4. Terror na Europa
Atentados reivindicados pelo Estado Islâmico foram cometidos no Reino Unido, na Suécia, na França e na Espanha. Episódios de islamofobia proliferaram pelo continente. Logo após os atentados de 11 de setembro de 2001, que atingiram o Pentágono e destruíram os edifícios do World Trade Center, o presidente norte-americano George W. Bush declarou uma campanha de "Guerra ao Terror", anunciando uma mobilização nunca antes vista para combater o terrorismo. Desde então, o mundo presenciou uma escalada de guerras, ocupações militares e investimentos em tecnologia bélica com a justificativa de combate às ações terroristas. A ameaça a populações civis, no entanto, ainda permanece. 
Destruição na cidade síria de Azaz (Foto: Wikimedia Commons)
5. Guerra civil na Síria continua 
O conflito, que dura desde 2011, ainda está longe de ter fim. Em março, o governo sírio foi acusado de utilizar armas químicas na cidade de Khan Sheikhoun: mais de 80 pessoas morreram. Apesar do Estado Islâmico ter perdido a maior parte dos territórios conquistados no Iraque e na Síria, a situação política ainda é de instabilidade. Enquanto os Estados Unidos apoiam os grupos políticos contrários ao presidente sírio Bashar Al-Assad, a Rússia defende sua permanência à frente do governo do país árabe. 
Kim Jong-un, ditador da Coreia do Norte (Foto: Wikimedia Commons)
6. Um conflito nuclear à vista?
Após a Coreia do Norte realizar testes com armas nucleares e mísseis balísticos, os Estados Unidos aumentaram as ameaças contra o regime de Kim Jong-un. Por enquanto, o conflito ainda não passa de trocas de bravatas entre o ditador norte-coreano e Donald Trump: analistas consideram que a estratégia de Kim é aumentar as ameaças para conseguir melhores acordos bilaterais e relaxamento dos embargos econômicos. Apesar de se auto-denominar um país socialista, a ideologia que governa a Coreia do Norte é chamada de Juche, e está ligada ao culto da personalidade do líder coreano. 

7. Tempo de furacões 
Uma sequência de furacões — Harvey, IrmaMaria e Nate — causou destruição em países do Caribe e nos Estados Unidos: Porto Rico, que é considerado um território norte-americano, foi um dos locais mais afetados pelos furacões. De acordo com cientistas, mudanças climáticas contribuíram para a fúria dessa temporada de furacões. 
8. Ataque Hacker 
Em junho, o vírus WannaCry invadiu computadores de instituições privadas e públicasde quase 150 países. No Brasil, servidores da Previdência Social foram afetados pelo ataque. A invasão ocorreu em virtude de uma falha no sistema operacional do Windows, que se tornou pública após vazamentos de informações sobre uma ferramenta sigilosa utilizada pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, a NSA. Após o ataque, novos episódios de infecções em massa foram registrados em diferentes partes do mundo. 
Loja da Apple nos Estados Unidos (Foto: Wikimedia Commons)
9. iPhone completa 10 anos 
Responsável por revolucionar a indústria tecnológica e iniciar uma nova etapa na comunicação global, a Apple celebrou o aniversário de 10 anos do iPhone com uma edição especial. Entre as novidades da versão 'X' estão a falta do botão "home", que passa a ter desbloqueio através de reconhecimento facial, carregamento sem fio e os esperados animojis: emojis que imitam as expressões do usuário em tempo real.

10. O fim da Missão Cassini 
Chegou ao fim a missão da sonda que coletou informações sobre Saturno e suas luas. Foram 13 anos de descobertas no planeta mais charmoso do Sistema Solar, em uma das missões espaciais mais produtivas da história. O projeto conjunto da NASA e da ESA consistiu em dois elementos principais: a sonda Huygens e o orbitador Cassini. Lançada em 1997, a missão Cassini-Huygens revolucionou o conhecimento sobre Saturno, suas 62 luas e oito grupos de anéis.
Michel Temer viu seu governo passar por grave crise política (Foto: Agência Brasil)
11. Brasília em chamas
Em maio, a publicação de uma conversa gravada entre o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, e o presidente Michel Temer aprofundou a crise política entre os Três Poderes. Teve de tudo: o senador Aécio Neves (PSDB/MG), candidato derrotado às eleições presidenciais de 2014, também teve seu nome envolvido nas investigações e chegou a ser afastado de seu cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após duas denúncias conduzidas por Rodrigo Janot, ex-Procurador Geral da República, Michel Temer se safou de ser julgado pelo STF graças a votações favoráveis na Câmara dos Deputados. 
Amazônia aberta para negócios? (Foto: Agência Brasil)
12. Governo brasileiro exingue a Renca (e volta atrás)
Em agosto, decreto publicado por Michel Temer extinguiu a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), área de 47 mil quilômetros quadrados localizada entre o Amapá e o Pará. A região, que tem o tamanho do estado do Espírito Santo, ficaria livre para ser explorada por empresas que realizam atividades de mineração. A sociedade civil obrigou o governo a recuar: a Justiça do Amapá declarou que a decisão promulgada por Temer era inconstitucional. Em setembro, um novo episódio da tensão crescente na Amazônia: a Fundação Nacional do Índio (Funai) denunciou um massacre cometido por garimpeiros contra uma aldeia isolada. 
13. Estado quebrado 
Sem receitas, o Rio de Janeiro enfrenta uma das piores crises de sua história, com atrasos recorrentes no pagamento de funcionários públicos e aumento da violência urbana. Parecer técnico divulgado pelo Tesouro Nacional no início de setembro recomendava que o estado do Rio de Janeiro privatizasse as universidades públicas estaduais para ajudar nas metas de equilíbrio fiscal propostas pelo Ministério da Fazenda — em ranking publicado pela revista britânica Times Higher Education, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) foi considerada a 13ª melhor instituição do país.
O satélite brasileiro (Foto: Divulgação)
14. Satélite verde e amarelo 
Lançado em maio, o primeiro satélite geoestacionário brasileiro será  utilizado para comunicação estratégica e ampliação da banda larga em regiões remotas do país. A  Embraer e a Telebras uniram forças para estimular o setor espacial do país e absorveram tecnologia francesa para a construção do satélite. 

15. Crise nas cadeias 
Séries de massacres e rebeliões em penitenciárias nas regiões Norte e Nordeste no início de 2017 expõem a falência do sistema carcerário do país. Em setembro de 2015, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu que as prisões brasileiras descumprem preceitos fundamentais da Constituição e precisam de reformas. A população carcerária brasileira é a quarta maior do mundo, com mais de 600 mil pessoas privadas de liberdade.
Texto adaptado: Revista Galileu

500 anos da Reforma Protestante: movimento mudou religião ...

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Quando Martinho Lutero pregou na porta da Igreja do Castelo de Wittemberg, em 31 de outubro de 1517, o pergaminho com as 95 teses, ele não o fez com a pretensão de dividir ou de desencadear um grande movimento na história da Igreja. Ele agia como o padre que, com preocupação, via como as almas dos seus paroquianos eram desnorteadas por um grande escândalo, descaradamente apregoado em nome da santa Igreja: a venda do perdão de Deus, como se fosse mercadoria, por meio de cartas de indulgência.
As teses, escritas em latim, eram destinadas a suscitar uma discussão, entre os acadêmicos, sobre a legitimidade bíblica de tal negócio. Deus oferece o perdão ao pecador arrependido por graça e bondade, pelo mérito de Jesus Cristo. E disto se faziam abusos incríveis. Pelo pagamento de dinheiro não só se podia livrar do castigo eterno pessoas falecidas, como até os vivos podiam isentar-se da culpa de pecados preconcebidos comprando as tais indulgências.
Martinho Lutero, como padre fiel de sua Igreja, não podia crer que o chefe da cristandade encobria, com o seu nome e autoridade tão grande abuso. A discussão sobre as 95 teses deveria trazer a conclusão clara disso.
Eis algumas das teses:
“Por amor à verdade e movido pelo zelo de elucidá-la, será discutido em Wittemberg, sob a presidência do Rev. Padre Martinho Lutero, mestre das Artes Livres e professor catedrático da santa Teologia ali mesmo, o que se segue. Pede-se, que aqueles que não puderem estar presentes para tratarem do assunto verbalmente conosco, o façam por escrito.
Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
1. Quando nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo disse: Fazei penitência, (Mt. 4:17), ele quis que toda a vida dos fiéis fosse uma vida de arrependimento.
6. O papa não pode perdoar uma única culpa de pecado, senão declarar e confirmar que a culpa já foi perdoada por Deus.
11. Esta ideia de transformar a pena canônica em penas do purgatório, aparentemente foi semeada quando os bispos se achavam dormindo.
27. Pregam futilidades humanas todos os que afirmam que tão logo a moeda soar ao ser jogada na caixa, a alma se eleva do purgatório.
32. Serão eternamente condenados, juntamente com seus mestres, aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante indulgências.
36. Todo e qualquer cristão verdadeiramente compungido tem pleno perdão da pena e da culpa, o qual lhe pertence mesmo sem a indulgência.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados procede melhor do que quando compra indulgências.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê um necessitado, e a despeito disto gasta o dinheiro com indulgência, não recebe as indulgências do papa, mas atrai sobre si a indignação de Deus.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento das ações dos pregadores de indulgência preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
52. É vã a confiança de ser salvo mediante as indulgências mesmo que o Comissário papal ou mesmo que o próprio papa empenhe sua alma como garantia.
53. São inimigos da cruz de Cristo e do papa, todos que por causa das indulgências, mandam silenciar completamente a Palavra de Deus nas demais igrejas.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
79. Afirmar que o símbolo, com a cruz de indulgências e adornado com as armas do papa tem tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.
95. E assim, esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que mediante consolações infundadas e este comércio vil com o que é sagrado.”
O efeito destas teses foi tão inesperado, que não ficaram entre os letrados, mas traduzidas do latim para o alemão, em poucas semanas se espalharam por toda a Alemanha e outras partes da Europa, e chegaram ao conhecimento do povo em geral. E o povo sentia que nestas frases se anunciava uma libertação do jugo de um sistema clerical que, em vez de servir, dominava as almas dos crentes.
Em 1518, Roma tratou de liquidar o caso do monge de Wittemberg. Lutero foi chamado para responder processo em Roma, dentro de sessenta dias. Mas por interferência de Frederico o Sábio, Príncipe da Saxônia na Alemanha, o papa consentiu que a questão fosse tratada em Augsburgo, e para isto comissionou o Cardeal Cajetano. Este exigia simplesmente que o réu declarasse sem conversa ou discussão: “revogo tudo”. Naturalmente nada conseguiu e Lutero voltou a Saxônia.
No verão de 1519, Lutero foi a um debate teológico em Leipzig com João Eck, professor da Universidade de Leipzig. Eck forçou Lutero a admitir que papas e concílios podem errar e que nem tudo na doutrina hussita era herético. Lutero esteve neste debate acompanhado de 200 estudantes e de Felipe Melanchton, seu amigo e discípulo. Ele descreve seu amigo Melanchton nestas palavras: “Eu sou áspero, violento, tempestuoso, e tudo o que seja hostil. Preciso remover os tocos, cortar fora as cordas e espinhos, e limpar a floresta selvagem; então o mestre Felipe vem suave e gentilmente semeando e regando com alegria.”
Em 1520 Lutero escreveu seus três mais poderosos tratados. Em seu livro “À Nobreza Cristã da Alemanha”, Lutero pede que a Alemanha se una contra os abusos de Roma. Em “No Cativeiro Babilônico da Igreja”, ele ataca as doutrinas não bíblicas da Igreja romana, especialmente os sacramentos extras. E no seu “A Liberdade de um Cristão” ele enfatiza o sacerdócio de todos os crentes.
Lutero foi então intimado a comparecer diante do Imperador Carlos V, um católico devoto, Rei da Espanha e Alemanha. Este Carlos esperava consolidar seu dividido império através da negociação com os protestantes cismáticos. Entretanto, Carlos V precisava da ajuda dos príncipes alemães contra os turcos, e este era o propósito dessa Dieta, isto é, essa assembléia imperial em Worms.
A degradação e abusos cometidos pela Igreja que se afastara da pureza dos apóstolos era tal que se estimulavam peregrinações a santuários que colecionavam relíquias sagradas na maioria dos casos, objetos falsificados. A igreja decadente ensinava que se um fiel peregrinasse ate um desses santuários especiais receberia também uma especial indulgencia perdoando-lhe os pecados. Assim, não era mais o sangue de Jesus que tinha poder para perdoar os pecados mas uma multiplicidade de obras que o “fiel” pudesse fazer ou comprar. As tais peregrinações a santuários com relíquias “sagradas” de santos defuntos se espalharam pela Europa. Houve uma genuína competição para se colecionar as mais extravagantes coleções de peças inusitadas: o dente de um santo, o fêmur de outro, objetos de uso pessoal, resíduos, cabelos… as coleções chegavam a dezenas de milhares de objetos comercializados por grande preço para atrair peregrinos e com isso estimular as doações. Havia na Europa doze cabeças de João Batista tidas como verdadeiras, pedaços da cruz de Cristo suficientes para se construir um navio e na Mongúncia, um ovinho e uma pena do próprio Espírito Santo!!!
Em Leipzig, 1519, Lutero admitira que os concílios da Igreja e o próprio papa poderiam se equivocar. Isso causou uma reação violentíssima de Roma. Agora, em Worms, Lutero comparece, convocado a se humilhar e renegar tudo que havia escrito e ensinado diante do Imperador. Quando diante de Carlos V lhe perguntaram se ele se retrataria, ele apenas replicou: “A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras… não posso e não retratarei nada… Aqui eu permaneço. Eu não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém”.
Sentindo-se desafiado por esse “mongesinho do interior de um país periférico”, de Roma, a resposta do papa a estas exposições bem intencionadas foi a “Bula de Excomunhão” – Exurge Domine -, isto é, um comunicado oficial, passado em nome de Deus, de que o frade seria excomungado da Igreja, se, dentro de 60 dias, não revogasse o que havia escrito e ensinado.
A bula mandava que todos os livros do herege Lutero fossem queimados, o que se fez realmente em algumas cidades, como em Colônia e Mongúncia.
As afirmações de Lutero em Leipzig deram-lhe a sua excomunhão da Igreja. Agora sua atitude em Worms deu-lhe também o seu banimento do Império. Em todo o império todos estavam proibidos de defendê-lo ou de ler seus escritos. Para salvar a vida dele, Frederico o sábio, príncipe da Saxônia, raptou Lutero a fim de protegê-lo no castelo Wartburg. Lá ele foi confinado por quase um ano, durante o qual ele traduziu o Novo Testamento do grego para o alemão popular, um trabalho de grande importância para a Reforma alemã.
Na primavera de 1522, Lutero retornou para Wittemberg para resolver os problemas criados pelos “profetas” de Zwickau, certos irmãos fanáticos e desequilibrados que radicalizavam a Reforma e pregavam uma revolução destrutiva contra todo tipo de autoridade. Esse movimento de Reforma mudou a Europa e todo o Cristianismo de modo profundo e definitivo.
A Reforma que eclodiu na Alemanha foi usada por Deus para deflagrar uma profunda reforma na Igreja. Lutero era um homem de moderação, mas por algum temor não foi fundo o suficiente em sua reforma. Ele agiu até onde tinha luz. Os conceitos de Lutero da Igreja Estatal, junto com o seu apoio dado às autoridades civis para esmagar sem misericórdia os camponeses numa rebelião na qual mais de 100.000 pessoas perderam suas vidas quando se revoltaram contra as injustiças sociais e econômicas do país, custou a Lutero muito da sua popularidade entre os camponeses, dos quais um bom número veio a se tornar anabatista.
As Dietas (Assembléias) de Spira em 1526 e 1529 e por fim a “Paz de Augstburgo” em 1555 finalmente concederam tolerância aos protestantes. Infelizmente, tanto o luteranismo quanto o catolicismo uniram sua hostilidade contra os anabatistas, próxima fase da restauração de Deus que estava destinada a emergir dentro da cristandade. De qualquer forma a Reforma Protestante iniciada em 31 de outubro de 1517 em Wittemberg na Alemanha foi um poderoso e maravilhoso mover Soberano de Deus. As afirmações de “Sola Gratia, Sola Fide e Sola Scriptura” – Apenas a Graça, a fé e a Escritura, começaram a levar a Igreja de volta ao cristianismo puro e simples do primeiro século. A verdade básica de “Salvação pela Fé” tornou-se o fundamento maior que une todas a denominações cristãs, evangélicas, pentecostais e carismáticas até o dia de hoje.
Pr. Marcelo Almeida.