domingo, 11 de agosto de 2013

O PODER




 
 Considerando que o poder visa sempre ao estabelecimento de uma ordem, é necessário, então, um agente que a imponha. Poder é, portanto, tudo aquilo capaz de manter uma ordem, significando o modo como as coisas devam se apresentar. Assim, toda ordem representa poder ou ação de um agente.
   Considerando, ainda, que todo ser é um agente, todo ser, então, gera ordem, e, como tudo aquilo que gera ordem representa poder, todo ser possui, aliás, não só um, mas vários tipos de poder.
   É evidente a capacidade que as coisas têm de impor ou manter algum tipo de ordem, o que me faz concordar com o filósofo Michel Foucault quando diz que o poder está em toda parte, logicamente, porque o ser também está. Não é difícil constatar que todo ser, por si só, gera algum efeito, uma ação, seja ele concreto ou abstrato, como: mesa, beleza, feiúra, homem, pombo, etc.
   Uma bela mulher, certamente entende que a beleza produz poder, e também, que a posse dela só funcionará se agir para mantê-la, assim, precisa cuidar-se. Sabe que uma espinha ou um cabelo mal cortado pode comprometer sua estética. Para isso, deve adotar procedimentos que possibilitem, no mínimo, preservar o que a natureza estabeleceu para o seu rosto e o seu corpo.
   O matemático e filósofo Bertrand Russel define poder como a posse dos meios que leva à produção de efeitos desejados. Porém, digamos que um poderoso general queira ganhar uma determinada batalha por achar que tem os meios necessários, inclusive, maiores que do adversário. A posse desses meios garantirá a ele os efeitos desejados: o domínio do inimigo? Teria poder suficiente para concretizar o pretendido?
   Certamente que não - o adversário, embora em aparente desvantagem, pode ter maior capacidade de ação, e ação não é posse, mas sim capacidade de movimento, energia, algo interno e não externo.
   Diria ainda, que poder é tudo. É como um deus, pois, tem a capacidade de impor e sustentar uma ordem visando sempre assegurar a existência de algo. É potência em ação representada por um agente.
   A posse de qualquer coisa, inclusive de algum tipo especial de atributo, apenas viabiliza a ação necessária à manutenção de uma determinada ordem. A posse de uma faca, por exemplo, não significa poder ou uma ação de corte bem-sucedida se estiver cega. A ordem a ser estabelecida, como a de ver um determinado objeto dividido em partes pode não se concretizar – ele pode ser bastante resistente para tal. Então, o poder estaria, não na posse da faca, mas sim na capacidade de corte dela, em que a condição ou regra é de que esteja amolada, tornando-se assim necessária uma ação nesse sentido para viabilizar o poder de corte e estabelecer a ordem desejada.
   Entendendo ordem como critérios adotados à formação de algo, definiria agente como tudo aquilo que tem a capacidade de estabelecer critérios para a formação de alguma ordem, utilizando-se, de atributos próprios ou não, capazes de produzi-la. Assim, toda ordem provém de procedimentos, normas, regras ou leis naturais, mentais ou espirituais, originárias e impostas por algum agente. Reflete-se no mundo material,visando assegurar a existência das coisas, seja do mundo material, mental ou espiritual dos quais fazemos parte.
   Portanto, poder é estabelecimento de ordem via ação de um agente.

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